2ª Parte dos conceitos formadores da Umbanda

Continuando nossos conceitos formadores da Umbanda, nesta semana vamos complementar as bases formadoras da nossa religião.

5- Somos Eternos.

Costumamos falar da eternidade como se fosse daqui para frente. Como se fosse o futuro. Nos esquecemos que eterno é aquilo que sempre existiu e sempre existirá.

Com este olhar, reconhecemos que se somos seres eternos, somos caminhantes do Tempo e que vamos adquirindo nossa bagagem que deverá ser utilizada sempre em nosso benefício.

A alma passou por todos os estágios da criação. Vó Luiza fala que “ Deus está inconsciente para os minerais, semiconsciente para os vegetais e animais e consciente para o homem”. Assim, ela resume os estágios formadores da nossa alma. Por isso podemos afirmar que sempre existimos e que sempre existiremos.

Uma vez a Presença Divina consciente no homem, ele passa por lapidações para refinar e apurar a energia presente através do nosso compromisso com o progresso espiritual, até que novamente nos tornamos Luz e retornarmos ao Pai. São as reencarnações.

6- As Reencarnações são estágios do crescimento do ser.

A Umbanda adota a teoria Reencarnacionista já adotada na África através do culto à ancestralidade e a evolução da alma, bem como ela absorve também a Doutrina Kardecista, e investe nos seus filhos para que através do SERVIR E AMAR, pratiquem a caridade como ferramenta única de resgate de erros passados. QUANTO MAIS SE SERVE MAIS SE AMA. QUANTO MAIS SE AMA, MAIS SE SERVE. Todo trabalho dentro de uma Casa de Umbanda é direcionado por esta máxima. Nós não nos encontramos por acaso, somos com certeza, espíritos que necessitam de práticas mais elevadas de atitudes e conduta moral para conseguirmos evoluir um pouco dentro da nossa trajetória enquanto seres eternos.

7- A Família Espiritual é sustentada pelo Axé.

Axé é a reunião de todas as energias ancestrais que foram plantadas e são alimentadas através da ritualística adotada e oferendas, se tornando uma força única e capaz de nutrir e banhar de energia cada um que consegue se conectar a esta força.

Axé se ganha e se perde. Axé se acumula com o aprendizado e com o servir e amar. Axé é luz. É alegria e congregação familiar. Axé é passado pelas mãos, pela fala, pelas oferendas, pelos rituais, pelos Orixás que são emanações de Deus, pelo amor e dedicação que adotamos em relação à nossa Família Espiritual.

Esta força é Onipresente, Onipotente e Onisciente haja vista que é a reunião de todos os reinos do Macro e do Micro Cosmo – (Deus e o homem).

O pai ou a mãe da Casa é a representação máxima desta força. Através deles a energia irradia e expande para oportunizar o crescimento dos filhos e promover a busca da plenitude de cada um através dos seus Orixás.

8- A transformação Espiritual passa pela transformação Moral.

Um ser comprometido com sua evolução espiritual necessita de correções nas suas atitudes morais. A mentira, a maledicência, as traições, o desejar mal a outrem são exemplos de erros morais comuns em qualquer grupo de seres humanos. Isso é humano. Mas nós não escolhemos uma Casa de Axé para cultuarmos o nosso lado humano, animalesco. Precisamos estar buscando o nosso lado melhor, a nossa Luz, o nosso lado Divino.

Trazemos na alma registros de erros em vidas passadas que fazemos automaticamente, sem perceber… falamos mal de alguém. Sem perceber… falamos mentiras, enfim, estas atitudes que se repetem precisam ser identificadas para conseguirmos olhá-las de frente de trabalhar isso para nossa cura e não ficarmos arranjando desculpas para os nossos erros.

“Se você tem sempre uma justificativa para os seus erros, você não está pronto para mudar” (Exu Marabô).

Precisamos assumir: eu errei. Peço perdão. Não farei mais. Isso é correção.

9– Colhemos exatamente daquilo que plantamos.

As nossas ações, reações, emoções, sentimentos e pensamentos, interferem no Universo.

Se estamos numa religião que afirma que Deus é TUDO, estamos todos e toda a Criação, mergulhados num mar de energia única.

Esta Lei é a Lei do Karma. Se planto o bem, colho o bem. Se planto o mal, colho o mal. Tecemos karma positivo e negativo.

Mas precisamos compreender que as nossas intenções também tecem karma. O que há por detrás da nossa “boa ação”? Será que não existe uma intenção ou desejo mal escondido? Não somente a ação é geradora deste processo, mas o coração puro e o amor incondicional precisam estar presentes para um karma positivo.

As nossas escolhas são o mecanismo que aciona o processo. Como estamos escolhendo as nossas ações? Se você sabe a resposta, saberá o que será colhido na sua vida.

10- Jesus é nosso mestre.

Numa religião sustentada pelos Orixás (Energias de Deus), só há um ser adotado e respeitado no mesmo patamar dos Orixás: o Mestre Jesus. Os negros viram nos exemplos de Jesus um caminho de humildade, amor, caridade e absorveram todo seu ensinamento de fé, dando ao culto um destaque especial para Ele. O conheceram através das catequeses dos padres jesuítas que vieram convertê-los ao Evangelho e imediatamente passaram a reverenciar este Mestre de Luz sincretizado como Oxalá.

11- Os Guias da Umbanda necessitam da evolução do médium para sua liberação espiritual.

Este é o grande desafio de todos nós: sabermos que podemos paralisar ou não a evolução dos espíritos com os quais assumimos compromissos kármicos de prática da caridade através da mediunidade.

Quando o médium não caminha, não progride, não se transforma moralmente, não assume seus compromissos diante do Axé e de si mesmo, ele está errando duplamente: consigo mesmo e com os seus Guias Espirituais. É karma duplo.

O médium precisa despertar para sua vida espiritual e buscar diariamente seu crescimento espiritual através de atitudes adequadas e escolhas adequadas. Feliz daquele que se responsabiliza pelo seu caminhar e com isso eleva seus Guias a outros patamares de Luz.

Compreendamos mais as bases da nossa religião para que com conhecimento possamos nos transformar.

A nossa Casa oferece a oportunidade a todos. O Axé nos sustenta. A fé nos impulsiona a seguir e o amor fala mansamente no nosso coração: Vá. Ame e Sirva. Transforme-se!

Axé!

Obaraiyê.