Uma história da tradição oriental ilustra uma situação ímpar:
“ Em certa cidadezinha, o líder espiritual local sonhou que no dia X e na hora Y os mortos iriam ressuscitar por um período de meia hora.
As famílias ficaram em polvorosa. Apesar de nutrirem descrença do líder, a saudade era maior e se aglomeravam diante do cemitério local.
A ansiedade era tremenda. Poder rever seus entes queridos mobilizou a cidade inteira. E o que fazer em apenas meia hora? Alguns se preparavam para abraça-los, beijá-los por meia hora. Outros prepararam refeições para juntarem a família e passarem juntos este momento. Alguns tinham questões pendentes, sejam de brigas, desculpas por pedir ou informações que haviam sido levadas pelos falecidos.
No momento exato que o líder previu, aconteceu algo surpreendente. As covas começaram a se abrir e de dentro delas os espíritos puseram-se de pé. Mas, para surpresa de todos, em vez de se atirarem aos braços dos ente queridos, começaram a correr desesperadamente.
A multidão de familiares que esperavam por carinho e atenção comovida, não podia crer em seus olhos. Seus próprios parentes nem mesmo se davam ao trabalho de percebê-los, simplesmente se punham a correr em dada direção. Começaram então, a segui-los até encontrar o lugar para o qual todos se dirigiam.
Esse lugar era nada menos que a CASA DE ESTUDOS, onde os livros da comunidade eram guardados. Os espíritos retiravam livros das prateleiras com grande agitação e pareciam devorá-los.
Passado o período de meia hora, correram de volta ao cemitério e se posicionaram cada um em sua tumba e voltaram ao “sono eterno”.
Por que tiveram este comportamento? Um último abraço dos ente queridos não seria mais importante? Não. Fazemos isso como um ato de apego, mas o desejo maior para sempre, deve ser o nosso aperfeiçoamento.
A meia hora permitida para eles orientavam que precisavam buscar aquilo de mais precioso existe neste mundo, e eles, os mortos, mais vivos que os vivos, já sabiam que são os Valores Internos.
A grande essência, o sumo da vida é esse. Não as experiências externas, mas a busca incessante de aprimoramento espiritual.
Enquanto encarnados vamos nos impregnando de apegos de toda sorte. Estes apegos muitas vezes se tornam prioridades e nos impede de viver o chamamento de Deus.
Precisamos entronizar que somos espíritos na matéria e que esta matéria é finita.
Com a passagem da matéria para o plano espiritual, o espírito se liberta e vislumbra a verdade única que mesmo na matéria, somos ligados à Fonte Única de Deus e somente nos iluminando através do conhecimento, poderemos encontrar o caminho de volta ao Pai.
Por isso precisamos pensar nesta parábola e abraçar a oportunidade de estudar, conhecer, viver o lado espiritual, a religiosidade, o fortalecimento com o que é eterno como a única forma de evoluir e conseguir trabalhar sentimentos que nos paralisam.
O mundo emocional fica entre o físico e o espiritual. Precisamos vencer as emoções para atingir o plano que almejamos, e a grande ponte que precisamos atravessar, passa por cima das emoções e nos leva ao caminho espiritual.
Esta ponte chama-se conhecimento. Não há outro caminho.
Axé!
Obaraiyê.