Ao criar o mundo físico, as galáxias, a natureza, o homem, Deus (Olorum) expandiu-se em várias forças que partiram D’Ele para que a matéria fosse criada. Porém, dentro de cada ser vivo, e tudo que existe, há vibrações, a Centelha de Luz ou Centelha Divina no seu interior.
Este conceito é amplamente divulgado em várias filosofias e religiões. Não é diferente no Candomblé.
Toda a Natureza é Deus Manifestado.
Ele está no ar, nas folhas, nos minerais, nos animais, no homem…enfim, não existe vida fora de Deus.
Uma obrigação de Yaô é um rito sagrado que abre os canais para que a Centelha de Luz guardada em nós, possa se fazer transbordar em nossa vida.
Todo o ritual é baseado no equilíbrio dos 4 Elementos e a presença de todos os Reinos Criados.
Como um rito de passagem, é um nascimento dentro da mesma vida física. A morte do homem velho e o nascimento do homem novo.
É quando nos despimos do passado, dos karmas e comportamentos padrões que repetimos, dos cabelos que representam a velha forma de pensar e ser, da vaidade e do ego e passamos a nos orientar por Forças Divinas para que esta nova oportunidade possa ser efetiva e geradora de mudanças necessárias.
É um momento de entrega total e absoluta e se não for este o sentimento, não existe razão para fazer este rito.
Quando conhecemos o nosso Eledá (Orixá de frente) e o nosso Adjuntó (Orixá complementar), passamos a compreender os padrões que são os nossos desafios e assim conhecermos o sentido e motivo da mudança.
Estudando os Arquétipos, passamos a nos reconhecer e assim nos conectamos com o lado positivo para promover o intuito desta “morte”.
O que deve morrer? O que deve nascer?
São perguntas que os neófitos precisam saber.
Cabe ao zelador e irmãos mais velhos, cuidarem deste Yaô como cuidamos das nossas crianças. Estão aprendendo a serem eles mesmos, pois antes do rito, estavam desviados das suas sementes e como crianças, muitas descobertas serão feitas! Nem todas boas, porém, necessárias para o aprimoramento da Alma.
Um ritual de iniciação não se justifica para aqueles que não desejam mudar. Ser do “Santo” ou do Orixá, não significa fazer suas obrigações, mas verdadeiramente tornar-se templo vivo de Forças Divinas.
Olorum na Sua Infinita Misericórdia, aguarda o tempo de cada um e que todos os filhos “feitos” não deixem apenas seus cabelos e objetos nos potes de mukunã ou porrões, mas deixem o passado de dor e sofrimento, se entregando à oportunidade única de aprender a ser filho da Luz. Da Luz do seu Orixá.
Axé!
Zuleika Menezes