“O Todo é mente, o universo é mental” – O Caibalion.
No mundo inteiro há milhares de pessoas que buscam a verdade e se esforçam por compreender as leis que regulam a vida em geral. Elas vagueiam de seita a seita, de religião a religião, de culto a culto, jamais encontrando respostas satisfatórias ao que buscam. Nessa busca da verdade, muitas pessoas ficam tão enredadas no labirinto das complexidades exteriores, que não se permitem ouvir e compreender as simplicidades interiores. Elas buscam por toda parte, esperando encontrar fora as respostas que devem provir de dentro, da silenciosa voz do Eu interior, a verdade existente em todo homem, o seu Eu superior.
O Eu interior a tudo conquista se tem a necessária oportunidade; ele se projeta ao espaço cósmico e tem acesso às forças espirituais mais sutis; ele encontra força no amor; ele é a única parte real do homem; ele pode conhecer, e de fato conhece, o segredo da criação, pois o utiliza em todas as oportunidades que lhe damos. Além disso, nada existe no mundo físico que não tenha sido criado, antes, no mental. Um simples objeto, antes de existir fisicamente, foi concebido mentalmente por alguém.
A chamada mente do homem, isto é, a mente exterior, objetiva, não é nada em si mesma, porque só a divina mente interior, a mente de Deus no homem, cria e manifesta todas as coisas. Em sua manifestação exterior, o homem não passa de uma máquina cuja finalidade é cumprir as orientações do homem interior. Entretanto, o homem exterior, através de sua vontade própria conhecida como livre arbítrio, tem, até certo ponto, o direito de escolher e fazer o que lhe agrade. O problema é que esse homem exterior também crê que pode criar. É desse modo que o homem exterior, crente em seu falso poder de criação, se separa do homem interior, vindo a conhecer o fracasso. Ele se recusa a dar ouvidos à voz do Eu interior, impedindo-o de criar com sucesso.
Só a mente divina, a mente cósmica universal, possui toda a verdade e toda a lei de um grande poder denominado sigilo, mas parte desse poder nos é revelada através do homem interior e imortal. O grande, místico e mágico poder do sigilo sempre está presente no interior de cada um de nós. Trata-se de um poder que, se conhecido e praticado, muda toda a vida de uma pessoa e das condições que a cercam, inclusive seu progresso material e espiritual. Uma pequena parte prática deste poder está, nesse momento, disponível para ser aplicada em nossa vida diária: é a magia do silêncio.
É pela atividade mental que sabemos que vivemos. É pela mesma atividade mental que concebemos ideias, fazemos planos e decidimos como realizá-los. Colocar em ação nossas ideias e nossos planos resultará em sucesso ou em fracasso. O resultado sempre será o sucesso se permitirmos que o Eu interior dirija o processo criativo e trabalhe sem interferências, pois só ele tem a real capacidade de criar. Mas, para se fazer ouvir, o Eu interior necessita que o homem exterior se mantenha em silêncio. É através da introspecção, do recolhimento, da meditação, que o Eu interior se manifesta mais claramente, enviando impulsos e sugestões à nossa mente objetiva.
Há, entretanto, um imenso número de pessoas com grande dificuldade em ouvir sua voz interior e em reconhecer as sugestões do Eu superior, confundindo-as com as da mente objetiva. O que, de prático, podem fazer essas pessoas para obter sucesso em seus objetivos? A resposta já foi dada: manter sigilo.
Devemos manter sigilo quanto às coisas que pretendemos realizar, pois é só desse modo que acumularemos energia mental suficiente para nos levar aos nossos objetivos com sucesso. Não devemos falar a ninguém, só a nós mesmos, pois no próprio ato de revelarmos nossos planos a outrem, gastamos improdutivamente à energia mental necessária a realizá-los. Sigilo, neste caso, significa a conservação da energia mental necessária à realização dos nossos planos.
O poder criativo no homem pode ser comparado ao processo de geração e conservação de energia elétrica. Para tal, precisamos de um motor, de um gerador e de um acumulador para conservarmos a energia gerada. A mente objetiva é o gerador. Semelhante ao motor que coloca o gerador em movimento, a mente interior é a força por trás desse gerador, a força que o põe em movimento. O acumulador de energia enche-se, assim, de energia mental, que se manifesta como vontade. Decidindo manter sigilosos seus planos e ações, o indivíduo acumula enorme quantidade dessa energia mental, que se manifestará com um esforço volitivo. Falar sobre nossos planos com outras pessoas é desperdiçar a energia gerada e acumulada pelo nosso processo criativo.
O sigilo, combinado com uma dose normal de trabalho, inteligência, conhecimento e sugestões do Eu interior, traz sucesso em nossos empreendimentos materiais e espirituais. Sigilo exige silêncio, pois no silêncio nos chegam as maiores dádivas de Deus. No silêncio, podemos comungar com nosso Eu interior e receber instruções. O silêncio nos leva à harmonização com as energias espirituais mais refinadas. O silêncio nos dá força, coragem e confiança; ele obriga o eu exterior a cooperar com o Eu interior, a cooperar com a divina mente criativa presente em todos nós. O silêncio é mágico.
Axé,
Odékainã