Mudanças recentes em cultos de caboclo na perspectiva de um chefe de terreiro.
Da mesma forma que a religião afro-brasileira tomou nomes nos diversos lugares do Brasil onde se fixou e se desenvolveu, também as entidades não africanas tiveram denominações diversas. De modo geral, contudo, usou-se para designá-las os nomes genéricos de caboclo e encantado, este mais característico do tambor-de-mina.
Encantado é um termo genérico para designar entidades que não os voduns, orixás e inquices. No tambor-de-mina, são divindades que descem no mundo dos vivos com o mesmo prestígio que os deuses africanos, tendo com estes grandes correlações, relações de respeito e culto quase que paralelos. Para o povo do tambor-de-mina, o encantado não é o espírito de um humano que morreu que perdeu seu corpo físico, não sendo, por conseguinte um egum. Ele se transformou, tomou outra feição, nova maneira de ser. Encantou-se, tomou uma nova forma de vida, numa planta, num acidente físico-geográfico, num peixe, num animal, virou vento, fumaça. Está presente entre nós, mas não o vemos. Ele encantou-se e permaneceu com a mesma idade cronológica que tinha quando esse fato se deu.
A encantaria do tambor-de-mina, aliás, pouco identificável noutros cultos afro-brasileiros, divide-se em:
O que se manifesta na encantaria é, pois, o encantado, a palavra caboclo, muito comum na encantaria, é um nome genérico usado na mina para quase todos os encantados e não tem no tambor-de-mina o mesmo sentido dado na Umbanda e nos demais cultos afro-brasileiros.
Na próxima semana continuaremos falando sobre o assunto.
Odékainã.
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