O Candomblé é uma religião cujos deuses cultuados são os Orixás.
Eles também são cultuados na Umbanda, que é uma religião brasileira definida como um sincretismo entre o catolicismo e o candomblé.
Existem 2 correntes básicas que tentam explicar o aparecimento dos Orixás. Uma delas remonta à criação do Universo.
Antes de tudo, havia o caos, até que um Ser Supremo – Olorum (à semelhança do Deus católico)- criou o universo, suas estrelas, planetas, mundo material, enfim, que se separava, de maneira drástica, do que havia antes: o mundo imaterial ou sobrenatural. Para estabelecer este controle sobre os seres que habitariam esses mundos ( ou especificamente a Terra), Olorum criou elementos, sendo cada um deles a forma material dos Orixás: a água salgada para Yemanjá, as pedras para Xangô, os ventos para Iansã,…e assim por diante.
Outra maneira de se explicar o mesmo processo é menos mítica: os Orixás seriam seres humanos importantes, donos de grande poder em vida, que morreram de maneiras incomuns: por meio de grandes acessos de cólera ou então fulminantes paixões. Essa sobrecarga de sentimento teria provocado uma espécie de “derramamento”da essência de cada ser, impedindo que eles assumissem a forma comum de todos os espíritos mortos, os eguns. Neste caso, tais espíritos se identificariam com um dos elementos da natureza. Aqui, as 2 explicações se encontram (forças da natureza).
Há pesquisadores que colocam em questão a existência de Olorum. Se, por um lado, sua figura é detectada pela tradição oral, há suspeita de que ele só tenha sido introduzido no Candomblé pela influência maometana vindo do norte da África e pelas tentativas de colonização ocidental, já que sua função parece ser a de coordenar os diversos deuses, estabelecendo um eixo central – uma figura centralizadora de Deus Único.
Apesar dessas ressalvas, a existência de Olorum hoje é admitida pelo candomblé praticado no Brasil. Não há nenhum culto dirigido a ele diretamente, sendo todo o contato feito através dos Orixás, seus intermediários.
Segundo Pierre Verger, o cndomblé está ligado ao conceito de família no sentido amplo, ou seja, toda linha de descendência de sangue a partir de um antepassado comum, englobando tanto os vivos quanto os mortos. “O Orixá” explica ele no livro Os Orixás, “seria em princípio um ancestral divinizado, que em vida estabelecera vínculos que lhe garantissem um controle sobre certas forças da natureza, como o trovão, o vento,…ou então, assegurando-lhe a possibilidade de exercer certas atividades, como a caça, o trabalho com metais, ou ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de sua utilização. O poder – axé – do ancestral-orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocado”.
Aos Orixás rogam-se proteção, saúde em geral e pedidos bem mais específicos ,que podem representar uma promoção profissional, a manutenção de um casamento,…Nesse aspecto não há barreiras específicas ao tipo de pedido que é feito. Os orixás podem exercer a sua influência em qualquer terreno da vida, apesar de alguns serem reconhecidos como “especialistas”em algumas questões.
A síntese de todo o processo seria a busca de um equilíbrio energético entre os seres materiais habitantes na Terra e a energia dos seres que habitam o örum”, o suprareal (que poderia localizar-se no céu como atradição cristã; como no interior da terra, ou ainda numa dimensão estranha a essas duas, de acordo com diferentes visões apresentadas por nações e tribos diferentes.
Cada ser humano teria um Orixá protetor. Ao entrar em contato com ele por intermédio dos rituais, estaria cumprindo uma série de obrigações. Em troca, obteria um maior poder sobre suas próprias reservas energéticas, que se canalizariam para a busca dos objetivos mais caros à pessoa em questão..
Os orixás dão a tônica da personalidade humana: Iansã seria espalhafatosa, Omulu sadomasoquista, Oxum vaidosa, Ogum agressivo,…Seriam eles portanto figuras arquetípicas , ou seja, resumos de características comuns a todos os seres humanos, aproximando da concepção de Jung – “representações que podem ter inúmeras variações de detalhes sem perder a sua configuração original. Existem por exemplo, muitas representações do motivo irmãos inimigos, mas o motivo em si conserva o mesmo (…)”. A sua origem não é conhecida eles se repetem em qualquer época e em qualquer lugar do mundo, mesmo onde não é possível explicar a sua transmissão por descendência direta ou por “fecundações cruzadas”resultantes da migração.
Os arquétipos vivem no Inconsciente Coletivo da raça. Os orixás, então, se revelariam como manifestações deste inconsciente, tipos que se manifestam de maneira semelhante em pessoas diferentes.
Não podemos confundir os orixás com os mortos. Outro engano se refere ao sexo dos orixás. Apesar deles se dividirem entre masculinos e femininos (distinção que não existe para Olorum), tanto homens como mulheres podem ser filhos de orixá masculino ou feminino.
Na nossa Família de Santo cremos nos Orixás como forças divinas manifestadas por um Deus Único e que somos como que representantes destas manifestações aqui na terra. Sendo assim, vemos o nosso irmão com mais respeito sendo ele um outro templo divino diante de mim e aumento minha fé acreditando num Deus que prova sua Unidade na Diversidade e só aqueles que abrem as suas consciências são capazes de compreender e vivencia isso.